quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre Tolerância Religiosa - Parte 3

Depois de um hiato de longos (e exatos) 10 meses, me deu saudade de escrever aqui. Mas não sei se é uma volta definitiva, isso só o tempo dirá.
Não diria nem que meu post de hoje é exatamente sobre tolerância religiosa, mas quis seguir a linha dos post anteriores. Minha postagem de hoje é sobre hipocrisia religiosa, isso sim.

Hoje, dia mundial do combate a AIDS. De um lado, a imprensa tentando nos mostrar que os portadores do vírus são pessoas normais, que levam uma vida normal. De outro, a vida nos mostrando os efeitos colaterais brutais que o coquetel apresenta. E no meio as Igrejas Cristãs, querendo impor que a correta prevenção não é a camisinha, mas o sexo seguro.



Bom, isso é um assunto longo e chato de ser discutido. Até que ponto a Igreja pode interferir na prevenção de doenças? Falei que o texto de hoje seria sobre hipocrisia religiosa porque o primeiro passo para aceitar essas ideias, de que apenas o sexo seguro pode prevenir a AIDS é: As pessoas que compartilham dessa ideia na vida e no facebook, realmente seguem isso na vida real? Realmente se guardam para o casamento (como diz a Igreja em geral)? Porque, seguir todos os mandamentos da Bíblia é praticar sexo apenas com fins reprodutivos, ou seja, sem a busca pelo prazer. Será que todo mundo que diz seguir os preceitos da Igreja, age exatamente dessa forma? São perguntas que só a própria consciência de cada pessoa pode responder.
A imagem também diz que 'não se combate um mal com outro'. Dizer que a camisinha é um mal tanto quanto a AIDS é um pouco forçoso, não? A camisinha é a forma de prevenção mais segura e eficiente, uma prova de avanço absurdo (se levarmos em conta os antigos métodos contraceptivos) e salva vidas todos os dias. Dizer que a camisinha evita a geração de uma vida é retrógrado e, desculpem, mas uma grande burrice. Espermatozóide não é vida! E se o fosse, várias outras formas de se sentir prazer também seriam 'abortivas'. Diga que se previne da AIDS com o sexo seguro, ok, mas não diga que a camisinha é um mal. Talvez se populações da África tivessem acesso à camisinha, a AIDS não mataria milhões. Talvez se moradores da favela tivessem acesso à informação, não teriam filhos todos os dias. Antes de pregar a santidade, a castidade, deve-se perceber o mundo em que vivemos. Eu não posso pregar o 'alimento divino', se falta o alimento real, a comida. Então, Igrejas (leiam-se pessoas que proclamam alguma fé), pensemos no mundo real, antes de pensar no mundo divino.

Outra assunto que vem circulando pelo facebook (e circulará ainda mais com a chegada do Natal) é sobre o verdadeiro espírito natalino. Pregam que o nascimento de Jesus é o que realmente importa e não crianças ganhando presentes. Pois qual desses que crê nesse espírito não gosta de ganhar presentes? E os olhos de uma criança pobre, recebendo presentes de Natal, não é o nascimento do próprio cristo? Então, pra quê essa hipocrisia idiota de que o Natal foi feito para apenar adorar a Jesus. Qual de vocês segue o que divulga?

Que esse post seja uma análise de consciência pra muito cristão que está sendo mais pagão que os que ele aponta.

5 comentários:

  1. Carol, concordo com tudo que vc colocou aqui...achei muito legal.

    "Eu não posso pregar o 'alimento divino', se falta o alimento real, a comida. Então, Igrejas (leiam-se pessoas que proclamam alguma fé), pensemos no mundo real, antes de pensar no mundo divino."

    Ótimo...Bom, acho que esse tipo de discrepância entre o real e o espiritual - com anulação do real e ênfase no espiritual - se dá quando quem tá pregando não tem nenhum déficit real na vida. Assim fica bem mais fácil dizer que as necessidades espirituais devem ser consideradas em detrimento das materiais - prefiro o termo material do que real...afinal, a necessidade espiritual (não no sentido metafísico da coisa) é uma necessidade humana real também, mas num sentido geral não é material. Isso me lembra o que o Papa Bento XVI disse uma vez....que os males do mundo são o divórcio e a falta de fé. Bullshit! Ele fala isso porque tá cagando num trono de ouro no Vaticano! Queria saber se ele diria isso caso morasse na África, numa cabaninha cheia de crianças esqueléticas ao redor, sem comer há dias.

    "Que esse post seja uma análise de consciência pra muito cristão que está sendo mais pagão que os que ele aponta."

    Ah...como assim pagão?

    Eu acho que a necessidade "espiritual" e material do homem não deve caminhar como se fossem coisas opostas. Acho que o que distingue uma espiritualidade sincera de uma que busca meramente o alívio pessoal, é que a sincera não tem hora nem lugar. Digo: a verdadeira espiritualidade se dá não só no meio da comunidade, mas, principalmente, quando não há câmeras ou pessoas pra servir de espelho ou guardas pra nossos erros. Claro que isso se torna extremamente complexo se a pessoa cultiva uma espiritualidade tão burocrática e tradicional quanto à que muitos cristãos tradicionalistas cultivam...acabam se apegando muito nesses aspectos mais superficiais e esquecem dos mais básicos, como o compromisso com o próximo, integridade, sinceridade...o que que é, por exemplo, o dever religioso dos testemunhas de Jeová de não comemorar aniversário nem ir à festas, se comparado com o compromisso de não fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que fizessem a nós mesmos?

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  2. Felipe, concordo com absolutamente tudo que você falou e essa foi a minha ideia com o post mesmo: Mostrar que tem muita gente que prega uma coisa mas faz outra. E também que tem muita coisa inútil sendo pregada em detrimento do real sentido de Igreja, Religião.

    Isso que você falou de que prega o espiritual quem já tem o material é uma grande verdade, que eu esqueci de colocar no meu post! hahah O espiritual é meio qe opicional, o material não. Eu posso viver sem Deus, mas não posso viver sem comer. Se a minha vida vai ser boa sem Deus, cada um que sabe. Agora, sem comida não vai nem haver vida!

    E o paganismo que eu quis dizer é como os religiosos julgam quem vai contra esses ideiais. Talvez a palavra ideal fosse pecadores e nem tanto pagãos, mas...

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  3. Gostei muito da ideia do post..muito mesmo.

    Mas não vou falar nada, pois tenho muito pra dizer e nem vale a pena. Continua com o blog, é um ótimo meio de colocar as ideias no lugar.

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  4. Ahhh entendi...

    É que pagão é o nome que a Igreja usava pra se referir a todo aquele que não era cristão, sabe? Só que tinha um tom pejorativo...era tipo como os romanos faziam...chamando todo aquele que não era romano, de bárbaro. Mas isso é uma questão meramente linguística...rs Entendi o que vc quis dizer.

    Bom, daria pra argumentar mais coisas sobre essa idéia de viver sem Deus. rs Tudo depende de o que vc tá querendo dizer quando fala em "Deus". hehe

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  5. Então a ideia era essa mesmo, porque muitos católicos/evangélicos vêem como pagões quem não é cristão, ou seja, vêem de forma errada não seguir a Deus.

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