terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sobre o Twitter, ou vida paralela.

Sou viciada em internet e em redes sociais. Principalmente no twitter, atualmente. Mas se fizermos uma observação mais crítica do dia a dia nas redes sociais, a gente pode observar um padrão meio errado sendo seguido.

Não é novidade para ninguém, que muita gente constrói um personagem para ser alguma coisa que não pode (ou não quer) no mundo real. O tímido vira safado, o pega-ninguém vira tarado e o excluído vira popular. Falando em twitter, não faltam exemplos. A maioria desses perfis @frases_de_alguma_coisa, @Eu_odeio_quando, @Quero_matar_quem e afins, são administrado por pessoas que precisam de atenção em algum lugar, mesmo que seja pela internet. Escondem sua identidade real e vestem a fantasia de bonitos, simpáticos e inteligentes.
Recentemente um desses perfis mandou o seguinte tweet: 'Se o pessoal soubesse que eu sou o João do colégio...'
É, se o pessoal soubesse que esse perfil seguido por milhões de pessoas e com milhões de meninas correndo atrás é o João, que vocês zoam na escola. Implicitamente, foi isso que ele quis dizer.
É quase que um problema psicológico. É a juventude dependendo da internet pra ser algo que sempre sonhou e que raramente será na vida real. Mas até que ponto isso é bom? E quando os dois lados se misturarem, no que vai dar? Quem você vai ser?

Outra desgraça que o Twitter tem me contemplado dia após dia é aturar gente que acha que sabe muito alguma coisa. Porque Twitteiro é igual bêbado, depois de um tempo acha que pode ser qualquer coisa. Então vira político, personal stylist, ativista...
Com as eleições, todos viraram jornalistas, repararam? É gente falando a torto e a direito informações de Wikipédia, sem base nenhuma, retwittando o que o coleguinha diz, sem nem saber do que se trata. Fora espalharem informações sem averiguarem a veracidade. Mas isso nós já vemos o tempo todo por email.
Indo mais a fundo nesse caso de política, cito o que Maria Rita Kehl, a jornalista demitida do Estadão, disse sobre os 'políticos' do Twitter:

'Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. (...) Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.'

Sem expressar minha posição política, mas faço minhas as palavras da jornalista, que mostra que as pessoas com acesso a internet acham que sabem mais (e que seu voto vale mais) do que os excluídos digitais. (Leia o texto na íntegra aqui) Aí entra a minha discussão de hoje, quem acha isso é a pessoal real, ou o personagem da internet, que é PhD em política?

Outra coisa que me incomoda na internet são os ativistas de sofá. O cara segue no Twitter o Greepeace, a WWF e o Planeta Voluntários. Retwitta as mensagens, diz que apóia. Mas joga lixo no chão da rua e usa seu tempo livre pra dormir, ao invés de ser voluntário, por exemplo.

A mensagem disso tudo? Algo como discurso de Big Brother: Sejam na internet o que vocês são 'aqui fora'.

PS. Acho que fugi do assunto central em alguns momentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário