Via Láctea

Hoje vi uma peça infantil que falava sobre princesas e príncipes. E amores impossíveis e romantismo e beijos sinceros de amor.

Beijos sinceros de amor? Há quanto tempo você não vê verdade numa frase dessas?

Hoje vi um filme de amor muito famoso. Talvez o mais famoso de todos. Romeu e Julieta. Há quanto tempo você não vê verdade em um amor?

Será que, como dizem os Titãs 'não existe o amor, apenas provas de amor'?

Por que a gente precisa tanto de provas de amor? Por que a gente precisa tanto que nos digam ‘eu te amo’ a todo tempo? Por que a gente precisa tanto de elogios, carinhos, atenção, sonhos, passeios...

Julieta acreditava em Romeu. Mesmo seu Montecchio sendo de uma família rival. Mesmo sendo um sonho, ela acreditava. Acreditava que eles se casariam, acreditava que ele voltaria, acreditava tanto, que morreu por ele.

Por que nós não conseguimos pensar assim? Nós choramos brigamos por uma palavra mal dita. E parece que naquele instante a gente se esquece de todas as juras e de todos os ‘beijos sinceros de amor’.

Renato Russo diz no final de uma música: ‘Eu te amo... Quem aqui já escutou essa frase sinceramente’?

E eu pergunto: Qual de vocês já escutou essa frase sinceramente.

Não minta para si mesmo. Olhe pro seu lado e veja aquela pessoa a quem você jura amor. Pra sempre.

Pra sempre? Você acredita em amor pra sempre? Você é capaz de olhar para os mesmo olhos e beijar os mesmo lábios pro resto da sua vida?

Parece chato, não?

Briga, sonho, raiva, alegria, beijo, pureza, sexo, dor...

Tudo isso em dois corpos, dois olhos, duas bocas.

Parece intenso demais para ser realidade, não?

Será que vale a pena ser tão romântico a ponto de fazer tudo por quem se ama?

Será que vale a pena ser tão antiquado a ponto de só desejar a mesma pessoa pra toda a vida?

Será que vale a pena ser tão cego de amor a ponto de perdoar e pedir perdão?

Na minha humilde opinião, sim.

E, parafraseando o meu poema preferido, de Olavo Billac ‘só quem ama tem olhos capazes de ler e entender esse texto’.

PS. O título também é o mesmo do poema.